Dubai, o milagre do deserto

Um destino que desafia os limites da imaginação. Luxuosa, moderna, colossal. Aqui, o trivial não pode ser encontrado. Dubai poderia ser uma obra de ficção, mas é pura realidade.

Dubai é prova de que se é possível imaginar, é possível construir. 

Arranha céus que tocam as nuvens. Luzes que ofuscam. Estradas que rasgam o deserto.

Onde antes existia apenas areia, hoje se encontra um dos destinos mais excêntricos do planeta.

Trivial é uma palavra que não cabe no vocabulário de Dubai, onde tudo, absolutamente tudo, é superlativo. O maior shopping do mundo. O prédio mais alto do mundo. A piscina mais profunda do mundo… e por aí vai!

Testemunhar toda essa grandiosidade aliada a um alto nível de eficiência é uma experiência singular. Intrigante, até!

Dubai é uma das 7 cidades-estados que formam os Emirados Árabes Unidos. Até a década de 60, toda essa região era formada por vilarejos de beduínos e pescadores. Antigos habitantes que plantavam tâmaras, apanhavam pérolas e criavam camelos para sobreviver.

A descoberta do petróleo, a abertura de portos, o desenvolvimento do comércio, o incentivo fiscal para a instalação de grandes empresas e, claro, um forte planejamento estratégico, transformaram Dubai por completo.

Em pouco mais de meio século, esse destino se tornou uma conexão entre o Oriente e o Ocidente, se consolidando como um dos maiores centros globais de investimento e um sonho de consumo para quem busca um destino de luxo.

A cada lugar que visitávamos, nossa reação era a de completa perplexidade. Como, em tão pouco tempo, Dubai se transformou no que é hoje? Graças à abertura da economia e à ambição de se projetar no mapa, sem depender apenas do petróleo, Dubai protagonizou o maior crescimento populacional do mundo, nos últimos anos. E a multiculturalidade é um reflexo direto desse fenômeno. Foram os imigrantes que ajudaram a erguer Dubai. 

Quase 90% da população é estrangeira. São pessoas de mais de duzentas nacionalidades convivendo e trabalhando juntas. Apesar da língua oficial ser o árabe, o inglês é o ponto de encontro nessa verdadeira Torre de Babel.

Tamanha diversidade talvez explique o ar internacional e a vibe cosmopolita que se respira por aqui.

A cultura e as leis, tanto de Dubai quanto de todos os Emirados estão diretamente atreladas à tradição islâmica. Nas ruas e centros comerciais, mulheres usam hijabs ou abayas e homens, o tradicional thawb e turbante. Mas ao contrário do que se imagina, turistas e moradores estrangeiros tem liberdade para se vestir à maneira ocidental. Claro que o bom senso é sempre bem-vindo, já que trata de um País muçulmano.

Preciso confessar que em alguns momentos, me esqueci completamente que estava no Oriente Médio. Dubai é global, moderna, urbana. Dubai é abundante, em todos os sentidos!

As vitrines exibem carros de luxo e as últimas coleções apresentadas pelos estilistas da haute couture. As maiores marcas mundiais estampam sua grife nas fachadas das lojas.

Renomados chefs exibem suas estrelas Michelin em restaurantes disputadíssimos. As luzes hipnotizam. Não importa de qual altura você esteja ou de qual ângulo você olhe, a arquitetura vai te deslumbrar. É impossível ficar indiferente a Dubai. 

O prédio mais alto do planeta reina soberano no horizonte. Num dia claro, pode ser visto a até 100 km de distancia! 

Com 828 metros de altura e 163 andares habitáveis, o Burj Khalifa foi projetado para impressionar o mundo e desafiar a gravidade.

Apenas a título de comparação, ele tem quase o dobro de andares do One WTC, em Nova York. E pensar que levou apenas 6 anos para ficar pronto! 

Para confirmar a fama pujante, o elevador do Burj também tem sua marca: é o mais rápido do mundo. Sobe a espantosos 10m por segundo. Uma ascensão suave em menos de um minuto, até atingir o 124° andar, onde fica a torre de observação. No Burj Khalifa fica também a piscina mais alta do mundo, localizada no 76° andar.

Todos os anos, 17 milhões de turistas vem conferir com seus próprios olhos porque o Burj é assim tão impressionante. Só mesmo vendo para acreditar!

Ao mesmo tempo em que estamos em um prédio colossal, a  construção mais alta já feita pelo homem, é só quando olhamos pra baixo e avistamos distantes pontos de areia que nos damos conta de que estamos realmente no deserto.

Do alto, é possível compreender melhor a magnitude do que foi realizado em Dubai.

Lá embaixo, aos pés do prédio mais alto do mundo, um lago artificial atrai turistas que se enfileiram a cada meia hora para assistir à uma das atrações mais icônicas de Dubai: o show das águas. Uma coreografia ao ritmo da música enquanto jatos são jorrados a 150m de altura, o equivalente a um prédio de 45 andares. Em qualquer outro deserto, tanta água seria uma miragem. Não em Dubai, onde vontade e imaginação tornam tudo possível, até mesmo fabricar chuva artificial para refrescar os dias de muito calor.

Dubai não pensa pequeno. A poucos passos da Fonte Dançante fica uma das entradas para o Dubai Mall. 

Com uma área de 1,1 milhão de metros quadrados, 1.200 lojas e 200 bandeiras de alimentação internacionais, é impossível percorrê-lo em apenas um dia. Dentro dele encontram-se uma Galeria Lafayette e uma Bloomingdale’s, além de um aquário de 10 milhões de litros, uma pista olímpica de patinação no gelo, uma Chinatown, um museu digital imersivo, 26 salas de cinema e uma das maiores lojas de doces do mundo.

Surpreendentemente, o shopping vai ficar ainda maior. Planos ousados de expansão do complexo já estão em andamento. Enquanto o mundo tende a abolir lojas físicas e apostar nas compras online, Dubai mostra que ir na contramão pode ser sim um bom negócio. Pra se ter uma ideia, em 2023, o Dubai Mall recebeu em seus corredores 105 milhões de pessoas, tornando-se um dos lugares mais visitados do planeta.

Há muito o que ver dentro do shopping e fora dele. O Dubai Frame é outro monumento que, de longe já chama a atenção. No formato de moldura de quadro, ele foi idealizado para ser quase uma máquina do tempo. 

São duas torres de 150 metros de altura conectadas por uma ponte de 93 metros de largura.

Cada face desta moldura enquadra os melhores ângulos do Emirado, destacando a Dubai antiga ao norte e a moderna ao sul. O museu conecta o passado e o futuro combinando efeitos tecnológicos e experiências sensoriais. A ideia é mesmo transportar os visitantes nessa linha do tempo.

A vista lá do alto é linda. Mas a grande sensação é caminhar pela passarela de vidro e ver Dubai a seus pés. A vertigem é um mero detalhe.

Através do The Frame, notamos que o velho deu lugar ao novo. Para ver o pouco que restou da cidade antiga é preciso ir ao ponto onde tudo começou. O Dubai Creek Harbour já foi o Porto mais importante da região. Aqui atracavam os comerciantes da India e da antiga Pérsia, trazendo suas mercadorias. 

Dubai Creek é uma foz natural do Golfo Pérsico, um acidente geográfico que corta a cidade em dois.

Uma das raras imagens que remetem a esse passado são os barquinhos de madeira, os Abra Boats. Mas como Dubai respira modernidade e tecnologia, réplicas elétricas do modelo antigo já estão sendo produzidas em impressoras 3D.

Por enquanto, os Abra Boats continuam a navegar como táxis aquáticos. Misturar-se aos passageiros e viver uma experiência genuinamente local é o melhor jeito para cruzar a margem.

Do outro lado do canal é possível visitar os famosos Souks, os Mercados do Ouro e das Especiarias.

Em árabe, abra significa cruzar. Enquanto cruzamos, gaivotas parecem dançar no céu azul. Numa terra de tantos espetáculos fabricados, a natureza ainda permanece e nos encanta. 

Dubai é mesmo cheia de surpresas para quem quer fugir do óbvio. No horário marcado, o guia da Platinum Heritage nos esperava na porta do hotel. Em pouco menos de uma hora de carro, a paisagem foi ganhando outros tons. À nossa frente um cenário deslumbrante.

Chegamos ao Rub’al Khali, um dos maiores desertos do planeta! 

A região é conhecida como o Quadrado Vazio e se estende por quatro Países: Emirados Árabes, Omã, Iêmen e Arábia Saudita. Com 650.000km2, essa é a maior extensão de areia contínua do mundo.

O guia da Platinum Heritage nos ajuda a amarrar o tradicional lenço beduíno: colorido para as mulheres e axadrezado em vermelho e branco para os homens. O keffiyeh ajuda a proteger cabeça e rosto do sol e da areia. Ali começava nossa aventura no deserto. 

Subimos em um charmoso Land Rover da década de 50. Os carros vintage foram trazidos por militares ingleses e eram usados em expedições de exploração de petróleo. Essas raridades são exclusividade da empresa Platinum Heritage e rendem fotos incríveis! Os viajantes adoram posar ao lado dos carros e os guias já reservam um momento para isso! 

Enquanto o jipe corta o deserto, a luz do fim da tarde esquenta as cores da paisagem. Estamos diante de um espetáculo da natureza.

Adentramos numa área protegida, a Dubai Desert Conservation Reserve. No trajeto, avistamos diversos pássaros, gazelas, camelos e o órix árabe, uma espécie de antílope branco e de longos chifres. Considerado extinto nos anos 70, este animal foi salvo graças a programas de proteção e reintrodução ao seu habitat natural. 

Também passamos por inúmeras Ghafs, a árvore nacional dos Emirados Árabes. Capaz de suportar o calor e aridez do deserto, suas raízes podem chegar a 30 metros de profundidade para encontrar água. 

A caravana faz uma parada para que o grupo possa pisar na areia, ouvir um pouco de história e, claro, fazer muitas fotos.

E ainda somos presenteados com uma demonstração de falcoaria antes do sol se esconder no horizonte.

A demonstração inclui rasantes e a oportunidade única de segurar o falcão com a braçadeira e admirar de perto sua imponência.

Sim, estamos diante de uma majestade! Este é o animal mais rápido do mundo, podendo mergulhar no céu a uma impressionante velocidade de mais de 320km/h. Não por acaso, o falcão é o símbolo dos Emirados. A ave que acompanhava os beduínos nos dias de caça hoje estampa placas de trânsito e a moeda nacional. 

Chegamos ao acampamento já de noite. Somos recebidos com uma xícara do tradicional café árabe, shows de dança e um extenso cardápio de comidas típicas. Para os paladares mais curiosos, vale experimentar a carne de camelo.

Estar no deserto é também um ensejo para contemplar o céu, longe das luzes artificiais da cidade. Num cenário digno de filmes, nos acomodamos para admirar a noite e aprender sobre astronomia. Acima de nós, as mesmas estrelas que durante tantos séculos guiaram os povos nômades. Os árabes se tornaram mestres em interpretar as constelações, afinal numa época sem smartphones nem GPS, o conhecimento astronômico era a única maneira de encontrar a direção certa na vastidão do deserto.

Após uma noite intensa, somos convidados a dormir numa casa de pedra inspirada nas antigas moradias beduínas. A próxima aventura em terras árabes começaria dentro de algumas horas. 

A lua ainda estava alta quando o balão de ar quente começa a ser inflado. As chamas iluminam a madrugada. Tomamos chá e comemos tâmaras enquanto esperamos o capitão Andrew checar a velocidade do vento e as condições climáticas para autorizar nosso vôo. Tudo organizado pela Hero Balloon Flights Dubai, parceira da Platinum Heritage nessa experiência pelo deserto. 

A subida no cesto tem que acontecer de forma quase que cronometrada. Acompanhar as coordenadas e a agilidade da equipe dispara nossa adrenalina.

Aos poucos o mar de areia vai ficando distante e o céu cada vez mais perto. 

A total imprevisibilidade de estar flutuando a 1200 metros do solo, faz o coração bater acelerado. Olhar para a imensidão do deserto enquanto o sol começa a despontar e iluminar o novo dia, é simplesmente arrebatador. Novas tonalidades são adicionadas ao céu, como se uma metamorfose acontecesse bem diante dos nossos olhos incrédulos. 

O silêncio só é interrompido pelo estrondoso maçarico do balão.

Pouco mais de uma hora depois estamos de volta à terra firme. O pós vôo reserva uma recompensa à altura do nosso apetite depois de tanta emoção.

Somos levados a um oásis, que mais lembra um cenário de Star Wars, com cabanas privativas e um café-da-manhã digno dos Sheiks árabes.

A mesa cuidadosamente montada aguarda os ávidos visitantes. Inspirado na antiga filosofia grega dos quatro elementos, o menu criado pelo estrelado chef Michelin, Claudio Filippone, impressiona pela delicadeza e combinação de sabores. Tudo preparado com ingredientes locais. Essa parte do passeio também é organizada pela Platinum Heritage.

Pratos pensados para incorporar as distintas característica de cada um dos elementos. Terra, Fogo, Ar e Água trazem à mesa opções que vão desde lagosta e caviar, à batata doce, frango grelhado e massa folhada com espuma de limão e bananas carameladas. Uma jornada que aguça os sentidos e alimenta não apenas o corpo, mas a alma e o espírito do viajante.

O final perfeito para uma experiência indescritível. Como isso tudo é concebível no meio do deserto? Estamos em Dubai, lembra? Aqui, tudo é possível!

Monumental

E por falar em construções colossais, seria impossível retratar Dubai sem mencionar Palm Jumeirah. Em formato de palmeira, esta é uma das maiores ilhas artificiais do mundo e uma das poucas obras feitas pelo homem que pode ser vista do espaço.

Idealizada pelo brasileiro, João Vicente Sparano, a ilha, no Golfo Pérsico, é um marco da engenharia!

Aqui reside um outro ícone de Dubai:  o Atlantis The Royal, que sem nenhuma modéstia, se apresenta como o mais ultraluxuoso resort do mundo. Irmão mais novo e vizinho do consagrado The Palm, onde fica o maior parque aquático da atualidade, o The Royal atrai quem está em busca de experiências inigualáveis e total privacidade.

Não por acaso, ele foi eleito, em 2024, o 9º melhor resort do planeta.

Os designers e arquitetos se inspiraram no povo nômade que percorria o deserto em busca de poços d’água. Os beduínos, hoje, se espantariam com tanta abundância. O tema aquático é celebrado por todo o complexo, desde a entrada, que ostenta uma cortina d’água e labaredas, até a escultura Droplets, em destaque no lobby, inspirada na primeira gota de chuva do deserto. No saguão também ficam três aquários, que se estendem do chão ao teto e abrigam 7.200 animais marinhos. Elevadores cilíndricos de vidro envoltos por uma cascata impressionam e a coreografia dos chafarizes iluminados, que sobem e descem no ritmo da musica, a cada uma hora, hipnotiza os hóspedes de qualquer idade. 

No The Royal, tudo foi desenhado para desafiar os limites da imaginação. Como, por exemplo, 90 piscinas. Isso mesmo! Elas estão espalhadas entre áreas comuns, varandas de apartamentos, cabanas privativas e no spa de 3.000 m². A mais disputada é, sem dúvida, a Cloud 22, que leva esse nome por estar localizada no vigésimo segundo andar e se debruçar sobre o Golfo Pérsico, oferecendo a sublime experiência de nadar entre as nuvens. Com decoração e menu assinados pela grife italiana Dolce & Gabbana, a Cloud 22 é de uma beleza infinita.

Para quem prefere pé na areia, o Nobu by the Beach é imperdível. O primeiro e único clube de praia da renomada rede de culinária japonesa imprime um toque descolado e o tradicional minimalismo asiático ao conceito de piscina de luxo. É possível optar por espreguiçadeiras, cabanas ou áreas mais privativas. O menu criado pelo legendário chef Nobu Matsuhisa pode ser desfrutado ali mesmo, à beira da piscina em formato de lagoa, ou nas mesas do restaurante ao lado. Tudo ao som do Dj que anima o bar, de onde sai uma extensa seleção de drinks praianos. 

Não dá vontade de sair dos 406 mil m² do resort e nem é preciso. O Atlantis The Royal exibe um corredor com lojas de grife, como Valentino, Louis Vuitton e Dolce & Gabbana. O Spa oferece tratamentos faciais baseados na areia do deserto, açúcar de tâmara, sal do Golfo e ouro 24 quilates. 

Além disso, o hotel se orgulha de possuir a maior “coleção” de Chefs famosos do planeta. São 17 restaurantes, 8 deles comandados por celebridades da alta gastronomia e 1 estrela Michelin, a casa do britânico Heston Blumenthal.

No The Royal tudo é pensado para que o hóspede tenha sua experiência elevada ao máximo. Objetivo que já é cumprido com louvor, no café-da-manhã. Em meio a 16 estações, é possível escolher, além das opções tradicionais, um desjejum de qualquer parte do mundo. Que tal começar o dia com um dim sum, uma bola de sorvete, uma fatia de pizza ou uma taça de champanhe. Por que não?

Deixe um comentário